Nossas escritas vêm de longe: Escrevivências como metodologia antirracista no núcleo de direitos humanos e saúde da população LGBT (NUDHES)
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i10.49857Palavras-chave:
Saúde Coletiva, Escrevivência, Epistemologias Negras, Metodologia Antirracista, Mulheres Trans e Travestis Negras.Resumo
O objetivo do presente artigo é apresentar um estudo teórico-metodológico que discute a escrevivência como possibilidade de construção de uma metodologia antirracista na Saúde Coletiva. Inspirado em experiências da autora no Núcleo de Pesquisa em Direitos Humanos e Saúde da População LGBT+ (NUDHES), o texto analisa as implicações éticas, epistemológicas e políticas de uma escrita situada, que reconhece a relevância das narrativas como parte constitutiva da produção científica. A partir do diálogo com autoras negras como Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, Barbara Carine Soares e Patricia Hill Collins, bem como com as críticas feministas à objetividade formuladas por Donna Haraway e Audre Lorde, o artigo propõe compreender a escrevivência não como técnica ou método fixo, mas como gesto epistemológico capaz de deslocar o modo de fazer ciência e cuidado em saúde. O artigo reflete sobre as experiências formativas no NUDHES com mulheres trans e travestis negras, discutindo de que maneira essas interações tensionam hierarquias de saber e desafiam os parâmetros de neutralidade científica ainda vigentes.
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