Análise da relação entre condições meteorológicas, poluição atmosférica e infecções respiratórias virais: o caso COVID-19
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v9i8.5942Palavras-chave:
COVID-19, Poluição atmosférica, Dados meteorológicos, Correlação, Regressão.Resumo
A poluição atmosférica e as condições meteorológicas são elementos que podem potencializar a transmissão de doenças infectocontagiosas virais. Neste contexto, este artigo tem por objetivo analisar a influência da qualidade do ar e dos parâmetros meteorológicos na transmissão e óbitos causados pelo COVID-19 na região metropolitana de São Paulo durante o período de 17 de março a 24 de maio de 2020. Para isso foram utilizados dados meteorológicos e de qualidade do ar fornecidos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), sendo eles: ozônio, material particulado grosso e fino, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, monóxido de nitrogênio, óxidos de nitrogênio, enxofre reduzido, radiação solar global, umidade relativa do ar, velocidade do vento, pressão atmosférica, radiação ultravioleta e temperatura do ar. Foi realizada uma análise de correlação destes parâmetros (sem e com defasagem de 5, 10, 15 e 20 dias) com os casos confirmados e óbitos por COVID-19 e empregou-se um modelo de regressão múltipla pelo método de stepwise, permanecendo ao final, apenas os preditores mais significativos (ao nível de 95%). Os resultados obtidos mostraram que estes preditores são: ozônio, monóxido de carbono, umidade relativa do ar, pressão atmosférica, radiação ultravioleta e temperatura do ar. Estas variáveis explicam 75% da variabilidade nos casos e 76% dos óbitos por COVID-19. Pode-se concluir que os fatores meteorológicos, a saúde humana e ambiental, estão interligados, e por isso, é importante que medidas para diminuir a poluição atmosférica sejam tomadas, as quais contribuirão para melhor qualidade de vida da população.
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