Desenhos de uma genealogia discursiva da mentira: as relações dos libelos do século XIX na França com as fake news do século XXI no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4331

Palavras-chave:

Genealogia, Mentira, Libero, Fake news.

Resumo

O artigo objetiva traçar, por meio uma genealogia, a relação entre as mentiras urbanas disseminadas na França no século XIX, por meio de publicações impressas chamadas de libelos, até as mentiras virtuais fabricadas e compartilhadas nas mídias sociais brasileiras, materializadas nas atuais fake news.  Para isso, mobilizamos o método genealógico, conforme proposto por Michel Foucault. Metodologicamente falando, trata-se de um estudo descritivo-interpretativo de natureza qualitativa. As conclusões sinalizam que as notícias falsas contemporâneas extrapolam os limites estabelecidos pelos libelos do século XIX, pois a amplitude dos meios de difusão – as tecnologias digitais – são infinitamente superiores aos textos impressos do período oitocentista.  Todavia, encontram-se semelhanças entre os textos do século XIX e as fake news, especialmente quando se pensa no caráter político dessas práticas e no fato de se voltarem para a difamação de figuras públicas. Além disso, outra similitude diz respeito às regularidades discursivas a respeito de questões relativas à sexualidade, ainda entrevista como um campo que gera certa comoção social.

Biografia do Autor

  • Joseeldo da Silva Júnior, Mestre em Linguística pela Universidade Federal da Paraíba
    Universidade Federal da Paraíba
  • Regina Baracuhy, Universidade Federal da Paraíba
    Docente da Universidade Federal Rural de Semi-Árido (UFERSA) e do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino (POSENSINO) da associação entre a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a Universidade Federal Rural de Semi-Árido (UFERSA) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
  • Francisco Vieira da Silva, Universidade Federal Rural do Semi-Árido
    Professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Referências

Araújo, IL. (2004). Do signo ao discurso: introdução à filosofia da linguagem. São Paulo: Parábola Editoria

Bauman, Z. (2001). Modernidade Líquida. Rio de janeiro: Jorge Zahar.

Borba, FS. (2004). Dicionário UNESP do português contemporâneo. São Paulo: UNESP.

Darnton, R. (2012). O diabo na água benta. Ou a arte da calúnia e da difamação de Luís XIV a Napoleão. Tradução Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Companhia das Letras.

Ferrari, P. 2018. Como sair das bolhas. São Paulo: EDUC/Fortaleza: Armazém da Cultura.

Fisher, R. M. B. (2013). Foucault. In: Oliveira, LA (Org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São Paulo: Parábola Editorial, p. 123-151.

Foucault, M. (1982). As malhas do poder (Final). Barbárie, Salvador, 3 (5) p. 34-43.

Foucault, M. (1992). O que é o autor? Tradução de Antônio Fernando César e Edmundo Cordeiro. Passagens: Veja.

Foucault. M. (2006). Diálogos sobre o poder. In: Ditos e Escritos IV: Estratégia, Poder-Saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Foucault, M. (2010). A arqueologia do saber. Trad. Luiz Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Foucault, M. (2014). A Ordem do Discurso. Aula Inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24. ed. São Paulo: Edições Loyola.

Foucault, M. (2017). Microfísica do Poder. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Machado, R. (2017). Por uma genealogia do poder. In: Foucault, Mi. Microfísica do Poder. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Pereira, AS et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf?sequence=1.

Porcello, F. Brites, F. Verdade x Mentira: A ameaça das fakenews nas eleições de 2018 no Brasil. (2018). 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2018. Joinville/SC. Anais... Joinville/SC.

Rabinow, P.; Dreyfus, H. L. (1995). Foucault: uma trajetória filosófica para além do estruturalismo e da hermenêutica. Trad. Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Romeiro A. 2017. A. Pasquins, libelos e panfletos: a cultura do manuscrito na América portuguesa. Artcultura, Uberlândia, 19 (35), p. 85-97.

Recuero, R; Gudz, A.Cascatas de Fake News Políticas: um estudo de caso no Twitter. (2019). Galáxia, São Paulo, 31, p. 31-47.

Roxo, M. (2014). O diabo e o diploma: como a difamação do passado pode ajudar no jornalismo do presente. In: Sacramento, I, Matheus, LC. (Org.). História da Comunicação: experiências e perspectivas. Rio de Janeiro: Mauad.

Roxo, MA & Melo, S. (2018). Hiperjornalismo: uma visada sobre fake news a partir da autoridade jornalística, Famecos, Porto Alegre, 25(3): 1-19. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/30572/17226>.

Veiga-Neto. (2017). Foucault & a Educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica.

Downloads

Publicado

2020-05-18

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais

Como Citar

Desenhos de uma genealogia discursiva da mentira: as relações dos libelos do século XIX na França com as fake news do século XXI no Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 9, n. 7, p. e382974331, 2020. DOI: 10.33448/rsd-v9i7.4331. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/view/4331. Acesso em: 5 dez. 2025.