Migrações globais: Reflexões para a antropologia forense

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i8.49313

Palavras-chave:

Migração Humana, Antropologia Forense, Variação Biológica da População.

Resumo

O presente estudo objetivou compreender em que medida os fluxos migratórios globais atuais poderão influenciar nos métodos utilizados para identificação humana em Antropologia forense, sobretudo aqueles referentes ao pilar do perfil biológico que trata da afinidade populacional. Trata-se de uma revisão teórica e documental. Foram analisados relatórios e dados estatísticos de organizações internacionais, bem como foram realizadas buscas por artigos nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science. As estratégias de busca dos artigos utilizou uma combinação de termos relacionados aos conceitos principais: migração; Antropologia Forense; perfil biológico; e diversidade populacional. Os fluxos migratórios são impulsionados por conflitos armados, mudanças climáticas, crises econômicas e globalização. Nos últimos anos, observou-se um aumento significativo nesses fluxos, tendo a Europa recebido o maior número de migrantes. Essa intensificação da mobilidade humana apresenta desafios substanciais aos métodos tradicionais de estimativa do perfil biológico utilizados em Antropologia Forense, principalmente para a estimativa da afinidade populacional, devido à inadequação das bases de dados de referência, às complexidades da mistura genética e às controvérsias conceituais e éticas em torno da categorização da variação humana. Assim, os padrões da evolução da migração global exigirão dos antropólogos forenses adaptações nas práticas, com abordagens multidisciplinares e refinamento dos métodos de identificação, para aumentar a precisão e a confiabilidade das análises forenses. Esses não são apenas desafios científicos, mas imperativos éticos para garantir que a disciplina possa continuar a cumprir seu papel vital na identificação humana em um mundo cada vez mais interconectado e móvel.

Referências

Academy Standards Board (ASB). (2022). Standard for Population Affinity Estimation in Forensic Anthropology. ANSI/ASB Standard 132, 1st ed. Colorado Springs (CO): American Academy of Forensic Sciences.

Alcântara, M. C. F., Santos, T. F., Carvalho, M. V. D., Petraki, G. G. P. & Soriano, E. P. (2023). Estudo macromorfoscópico das cavidades orbitais de crânios secos humanos para estimativa do sexo. CONCILIUM. 23(15), 942-52. https://doi.org/10.53660/CLM-1827-23M37.

Carvalho, M. V. D., Lira, V. F., Nascimento, E. A., Kobayashi, S. B. T., Araujo, L. F., Almeida, A. C., Petraki, G. G. P., Cunha, E. & Soriano, E. P. (2020). New acquisitions of a contemporary Brazilian Identified Skeletal Collection. Forensic Science International: Reports. 2(1), 100050. https://doi.org/10.1016/).fsir.2019.100050.

Coleman, D. (2006). Immigration and Ethnic Change in Low-Fertility Countries: A Third Demographic Transition. Population and Development Review, 32:401-46. doi: https://doi.org/10.1111/j.1728-4457.2006.0.

Cunha, E., Lopez-Capp, T. T., Inojosa, R., Marques, S. R., Moraes, L. O. C., Liberti, E., Machado, C. E. P., Paiva, L. A. S., Francesquini Junior, L., Daruge Junior, E., Almeida Junior, E. & Soriano, E. P. (2018). The Brazilian identified human osteological collections. Forensic Science International. 289, 449.e1-449.e6. https://doi.org/10.1016/).forsciint.2018.05.040.

DiGangi, E. A. & Bethard, J. D. (2021). The Lost Cause: The systemic racism inherent in the forensic anthropological estimation of ancestry. American Journal of Physical Anthropology. 175, 422-36. https://doi.org/10.1002/ajpa.24070.

Elliot, M. & Collard, M. (2009). Fordisc and the determination of ancestry from cranial measurements. Biology Letters. 5(6), 849-52. 10.1098/rsbl.2009.0462.

Franco, A., Anees, W., Moreira, D., Blumenberg, C., Napimoga, M., Paranhos, L. R. (2025). Literature reviews: typology and forensic applications. International Journal of Legal Medicine. https://doi.org/10.1007/s00414-025-03514-1.

Hefner, J. T. (2009). Cranial nonmetric variation and estimating ancestry. Journal of Forensic Sciences. 54(5), 985-95.

https://doi.org/10.1111/j.1556-4029.2009.01118.x.0131.x.

Holobinko, A. (2012). Theoretical and Methodological Approaches to Understanding Human Migration Patterns and their Utility in Forensic Human Identification Cases. Societies, 2, 42–62. https://doi.org/10.3390/soc2020042.

Hughes, C. E., Dudzik, B., Algee-Hewitt, B. F. B., Jones, A. & Anderson, B. E. (2019), Understanding Misclassification Trends of Latin Americans in Fordisc 3.1: Incorporating Cranial Morphology, Microgeographic Origin, and Admixture Proportions for Interpretation. Journal of Forensic Sciences. 64(2), 353-66. https://doi.org/10.1111/1556-4029.13893.

Kimmerle, E. H. (2014). Practicing forensic anthropology: A human rights approach to the global problem of missing and unidentified persons. Annals of Anthropological Practice. 38(1), 1–6. doi:10.1111/napa.12038.

Klales, A. R. & Cole, S. J. (2017). Improving Nonmetric Sex Classification for Hispanic Individuals. Journal of Forensic Sciences. 62(4), 975-80. https://doi.org/10.1111/1556-4029.13391.

M’charek, A. & Casartelli, S. (2019). Identifying dead migrants: forensic care work and relational citizenship. Citizenship Studies. 23(7), 738-57. https://doi.org/10.1080/13621025.2019.1651102.

Korunes, K. L. & Goldberg, A. (2021). Human genetic admixture. PLoS Genetics 17(3), e1009374. https://doi.org/10.1371/journal.pgen.1009374.

McAuliffe, M. & Oucho, L. A. (eds.) (2024). World Migration Report 2024. International Organization for Migration (IOM), Geneva.

Palamenghi, A. & Cattaneo, C. (2024). The response of the forensic anthropology scientific community to migrant deaths: Where are we at and where do we stand? Forensic Science International. 364, 112235. https://doi.org/10.1016/j.forsciint.2024.112235.

Pereira, V., Santangelo, R., Børsting, C., Tvedebrink, T., Almeida, A. P. F., Carvalho, E. F., Morling, N. & Gusmão, L. (2020), Evaluation of the Precision of Ancestry Inferences in South American Admixed Populations. Frontiers in Genetics. 11, 966. https://doi.org/10.3389/fgene.2020.00966.

Ross, A. H. & Williams, S. E. (2021). Ancestry Studies in Forensic Anthropology: Back on the Frontier of Racism. Biology (Basel). 10(7), 602. https://doi.org/10.3390/biology10070602.

Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática vs. revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem. 20(1), 5-6. doi:

http://doi.org/10.1590/S0103-21002007000200001.

Salzano, F. M. & Sans, M. (2014). Interethnic admixture and the evolution of Latin American populations. Genetics and Molecular Biology. 37(1 suppl), 151-70.

Spradley, K.; Jantz, R. L.; Robinson, A. & Peccerelli, F. (2008). Demographic Change and Forensic Identification: Problems in Metric Identification of Hispanic Skeletons. Journal of Forensic Sciences. 53(1), 21-8. https://doi.org/10.1111/j.1556-4029.2007.00614.x.

Spradley, K. & Jantz, R. L. (2021). What Are We Really Estimating in Forensic Anthropological Practice, Population Affinity or Ancestry? Forensic Anthropology. 4(4), 309–18. https://doi.org/10.5744/fa.2021.0017.

UN High Commissioner for Refugees (UNHCR). (2024). Mid-year Trends 2024. Geneva: UNHCR. https://www.unhcr.org/global-trends.

United Nations. (2024). International Migrant Stock 2024: Key facts and figures. UN DESA/POP/2024/DC/NO. 13.

https://www.un.org/development/ desa/pd/.

Downloads

Publicado

2025-08-15

Edição

Seção

Artigos de Revisão

Como Citar

Migrações globais: Reflexões para a antropologia forense. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 8, p. e3714849313, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i8.49313. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/view/49313. Acesso em: 11 dez. 2025.