Violência contra mulher em âmbitos clínicos e hospitalares: Hipóteses de tutela penal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i10.49587

Palavras-chave:

Violência médica, Mulher, Tutela jurídica

Resumo

O presente trabalho objetiva abordar a violência médica contra mulheres em contextos clínicos e hospitalares, com foco nas hipóteses de tutela civil, administrativa e penal previstas no ordenamento jurídico brasileiro. Parte-se do pressuposto da proteção constitucional a bens jurídicos fundamentais como vida, integridade física e moral, dignidade sexual e consentimento, considerados pilares da dignidade da pessoa humana e que exigem efetivação prática pelo Estado e pela sociedade. A pesquisa diferencia violência médica de erro médico, ressaltando que a primeira envolve condutas dolosas ou culposas que violam direitos fundamentais do paciente, gerando danos físicos, psicológicos ou morais. Embora possa atingir todos os gêneros, o estudo recorta a violência contra a mulher, evidenciando desigualdades estruturais e práticas como a violência obstétrica e abusos em atendimentos ginecológicos. A metodologia utilizada baseia-se em análise bibliográfica de artigos científicos, jurisprudências, legislações e documentos oficiais que tratam da responsabilidade e dos deveres do médico no exercício da profissão. Foram identificadas subespécies de violência com previsão legal específica, ressaltando a importância de seu reconhecimento para uma resposta jurídica eficaz. A responsabilização civil dos profissionais de saúde nesses casos revela-se um tema sensível e de grande complexidade. A ausência de legislação específica voltada à punição da violência médica representa obstáculo relevante à responsabilização efetiva. Nesse sentido, a articulação entre as esferas civil, administrativa e penal mostra-se indispensável para prevenir novas ocorrências, reparar as vítimas e fortalecer o compromisso ético e jurídico dos profissionais.

Referências

Arce, J. (2021, December 16). The long history of forced sterilization of Latinas. Unidos US Blog.

https://unidosus.org/blog/2021/12/16/the-long-history-of-forced-sterilization-of-latinas/

Bitencourt, C. R. (2024). Tratado de direito penal: Parte especial (Vol. 4, 18ª ed.). Saraiva Jur. https://app.minhabiblioteca.com.br/books/9786553629295

Bowser, D., & Hill, K. (2010, September 20). Exploring evidence for disrespect and abuse in facility-based childbirth: Report of a landscape analysis. Harvard School of Public Health, University Research Co., LLC.

https://www.hsph.harvard.edu/wp-content/uploads/sites/2413/2014/05/Exploring-Evidence-RMC_Bowser_rep_2010.pdf

Brasil. (1940, December 31). Código Penal: Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Diário Oficial da União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm

Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Senado Federal. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Brasil. (1996, August 1). Decreto nº 1.973, de 1º de agosto de 1996. Promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Diário Oficial da União. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1996/d1973.htm

Bulos, U. L. (2025). Curso de direito constitucional (17ª ed.). SRV. https://app.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553621217/

Castro, R., & Frías, S. M. (2019, April 8). Obstetric violence in Mexico: Results from a 2016 national household survey. Violence Against Women, 26(6–7), 555–572. https://doi.org/10.1177/1077801219836732

Ciello, Cariny et al. Parto do Princípio – Mulheres em Rede Pela Maternidade Ativa (org.). Violência Obstétrica: parirás com dor. Parirás com dor. 2012. https://www.senado.gov.br/comissoes/documentos/SSCEPI/DOC%20VC M%20367.pdf

Conselho Federal de Medicina. (2009). Código de ética médica – Resolução 1931/2009: Capítulo III – Responsabilidade profissional. https://portal.cfm.org.br/etica-medica/codigo-2010/codigo-de-etica-medica-res-1931-2009-capitulo-iii-responsabilidade-profissional/

D’Oliveira, A. F. P. L., Diniz, S. G., & Schraiber, L. B. (2002, May). Violence against women in health-care institutions: An emerging problem. The Lancet, 359(9318), 1681–1685. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(02)08592-6

Lacerda, J. (2025, August 5). Vítimas de violência obstétrica denunciam negligências médicas. Agência Câmara Notícias. https://www.camara.leg.br/noticias/1005005-vitimas-de-violencia-obstetrica-denunciam

Lamont, J. A., & Woodward, C. (1994, May 1). Patient-physician sexual involvement: A Canadian survey of obstetrician-gynecologists. Canadian Medical Association Journal, 150(9), 1433–1439. https://www.cmaj.ca/content/150/9/1433

Lopes, I. F., Silva, A. M., & Sousa, J. da S. (2024, May 10). A responsabilidade civil do médico na violência obstétrica. RevistaFT, 28(134). https://doi.org/10.5281/zenodo.11175048

Mendonça, V. S., & Custódio, E. M. (2016, January). Nuances e desafios do erro médico no Brasil: As vítimas e seus olhares. Revista Bioética, 24(1), 136–146.

Mesenburg, M. A., et al. (2018, March 27). Disrespect and abuse of women during the process of childbirth in the 2015 Pelotas Birth Cohort. Reproductive Health, 15(1), 54. https://reproductive-health-journal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12978-018-0495-6

National Women’s Law Center. (2022, January 24). Forced sterilization of disabled people in the United States. Justice for Her, Justice for All. https://nwlc.org/wp-content/uploads/2022/01/%C6%92.NWLC_SterilizationReport_2021.pdf

Open Society Foundations. (2011). Against her will: Forced and coerced sterilization of women worldwide. https://www.opensocietyfoundations.org/publications/against-her-will-forced-and-coerced-sterilization-of-women-worldwide

Prado, L. R. (2022). Curso de direito penal brasileiro: Volume único (20ª ed.). Forense.

Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book gratuito]. Santa Maria/RS. Ed. UAB/NTE/UFSM.

Rother, E. T. (2007). Revisão sistemática x revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem. 20(2): 5-6.

Sarlet, I. W. (2012). A eficácia dos direitos fundamentais: Uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional (11ª ed.). Livraria do Advogado.

Sando, D., et al. (2014, December). Disrespect and abuse during childbirth in Tanzania. JAIDS Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, 67(Suppl 2), S228–S234. https://journals.lww.com/jaids/fulltext/2014/12011/disrespect_and_abuse_during_childbirth_in.9.aspx

Silva, J. A. da. (2019). Curso de direito constitucional positivo. Malheiros.

Silva, J. C. O., Brito, L. M. C., Alves, E. S., Medeiros Neto, J. B., Santos Junior, J. L. P., Marques, N. M., Lopes, T. M. O., Alexandre, J. A., & Santos, L. J. R. P. (2023). Impacts of obstetric violence in Brazil: A literature review. Research, Society and Development, 12(2), e10812239950. https://doi.org/10.33448/rsdv12i2.39950

Villarroel, R. (2025, August 12). Ex-anestesista é condenado por estupro contra duas pacientes no Rio. CNN Brasil. https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/sudeste/rj/ex-anestesista-e-condenado-por-estupro-contra-duas-pacientes-no-rio/

World Health Organization. (2014). Prevention and elimination of disrespect and abuse during childbirth. WHO. https://www.who.int/publications/i/item/WHO-RHR-14.23

Zanardo, G. L. de P., et al. (2017). Violência obstétrica no Brasil: Uma revisão narrativa. Psicologia & Sociedade, 29, e155043.

Downloads

Publicado

2025-10-02

Edição

Seção

Ciências Humanas e Sociais

Como Citar

Violência contra mulher em âmbitos clínicos e hospitalares: Hipóteses de tutela penal. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 10, p. e06141049587, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i10.49587. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/view/49587. Acesso em: 9 dez. 2025.