“Eu senti que não era para mim”: A violência simbólica e a exclusão nos testes de seleção para o ingresso em bandas escolares
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i11.49923Palavras-chave:
Bandas escolares, Testes de seleção musical, Educação musical.Resumo
O objetivo do presente trabalho é discutir os testes de seleção baseados em habilidades musicais prévias como procedimentos de ingresso nas bandas escolares. De caráter qualitativo, a metodologia pautou-se no uso de entrevistas narrativas como instrumentos de coleta de dados. Nessa perspectiva, foram entrevistados dez ex-integrantes de diferentes bandas escolares de João Pessoa, que não seguiram a música como profissão, ou estudos técnicos ou superiores na área. Os dados indicam que sete entre os dez colaboradores da pesquisa revelaram que foram submetidos a testes de seleção musical como requisito para participar de bandas escolares. Discute-se, portanto, os equívocos, as exclusões e as violências produzidas e reforçadas pela seleção baseada em habilidades musicais prévias. Constata-se que estes testes são aplicados como procedimentos para o ingresso nas bandas, desconsiderando as trajetórias de vida e as diferentes vivências musicais dos alunos. Os testes podem servir como “tribunal” que rotula como “não talentosos” os alunos que não tiveram uma vivência musical prévia. Conclui-se que os testes de seleção baseados em habilidades musicais prévias podem servir como instrumentos de exclusão e violência simbólica.
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