Mortalidade de adolescentes por lesões autoprovocadas no Brasil (2004–2023): Estudo de base populacional
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i11.50092Palavras-chave:
Adolescência, Suicídio, Lesões autoprovocadas, Mortalidade, Saúde mental.Resumo
O presente estudo tem como objetivo geral analisar os casos de mortalidade de adolescentes por lesões autoprovocadas no Brasil, utilizando dados de base populacional provenientes do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e de base populacional, com análise de 18.058 óbitos de adolescentes de 10 a 19 anos. Os resultados evidenciaram que 67,6% das mortes ocorreram entre indivíduos do sexo masculino, sendo a faixa etária de 15 a 19 anos responsável por 84,6% dos casos. O método mais utilizado foi o enforcamento, estrangulamento e sufocação (69% do total), seguido pelo uso de armas de fogo e intoxicação por pesticidas. A maior concentração de óbitos foi observada nas regiões Sudeste (28,6%) e Nordeste (25,3%). Além disso, 58,5% dos óbitos ocorreram no domicílio, e a maioria das vítimas possuía escolaridade entre 4 e 11 anos de estudo. Esses achados reforçam a necessidade de políticas públicas de prevenção do suicídio voltadas à população adolescente, com ênfase na detecção precoce de sofrimento psíquico, no fortalecimento das redes de apoio e no enfrentamento das desigualdades sociais.
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