Uso de álcool e problemas relacionados à visão de mundo dos povos indígenas Maxakali: um estudo censitário transversal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v11i17.38900

Palavras-chave:

Índios sul-americanos; Bebidas alcoólicas; Pesquisa quantitativa.

Resumo

Os objetivos foram estimar a prevalência do Uso de Álcool e Problemas Relacionados ao Álcool e relacioná-la às características sociodemográficas. Estudo transversal de base populacional com 1.036 Maxakali a partir de nove anos. Foi aplicado um questionário a 66 lideranças indígenas sobre o consumo de álcool em 2016 e suas consequências negativas. A associação entre os objetos de estudo foi examinada por meio da aplicação dos testes qui-quadrado, exato de Fisher e análise de cluster. Os valores de Kappa foram calculados para avaliar a reprodutibilidade do questionário. A prevalência foi de 39,1%. A taxa das mulheres (17,3%) foi 3,6 vezes inferior à taxa dos homens. As taxas de uso masculino de álcool aumentam de 8,1% para 64% nas idades de 09 a 14 para 15 a 19 anos. As maiores proporções de uso de álcool entre mães e pais foram em famílias extensas e associadas às consequências negativas de quem usa cachaça. O uso feminino inicia-se dos 20 aos 24 anos, as taxas de problemas relacionados a esse uso ultrapassaram as dos homens na faixa dos 25 aos 45 anos. Espera-se que a facilidade de aplicação e o poder preditivo desta ferramenta permitam a detecção e monitoramento do uso de álcool e suas consequências no povo Maxakali.

Referências

Álvares, M. M. (1992). Yãmiy, os espíritos do canto: a construção da pessoa na sociedade Maxakali (thesis). UNICAMP.

Barbor, T. F.; DE LA Fuente, J. R.; Saunders J.; & Grant, M. (1989). The Alcohol Use Disorders Identifications Test: guidelines for use in primary health care. Geneva: World Health Organization.

Barrett, A. E. & Turner, R. J. (2006). Family structure and substance use problems in adolescence and early adulthood: examining explanations for the relationship. Addiction, 101(1):109-120.

Brasil. (2007). Ministério da Saúde. I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira. Secretaria Nacional Antidrogas.

Brasil. (2017). Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI). Distrito Sanitário Especial Indígena de Minas Gerais e Espírito Santo/SESAI/MS.

Brasil. (2009). Secretaria Nacional Antidrogas. I Levantamento Nacional sobre Padrões de Consumo de Álcool e outras drogas entre populações indígenas. Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas.

Cheadle, J. E. & Whitbeck, L. B. (2011). Alcohol use trajectories and problem drinking over the course of adolescence: A study of North American Indigneous youth and their caratakers. Journal of Health and Social Behavior, 55(2):228-245.

Cicchetti, D. V. & Sparrow, S. A. (1981). Developing criteria for establishing interrater reliability of specific items: applications to assessment of adaptive behavior. Am J Ment Defic, 86(2):127-37.

Donovan, J. E. (2009). Estimated blood alcohol concentrations for child and adolescent drinking and their implications for screening instruments. Pediatrics, 123(6):975-81.

DSM-V. (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 5th Edition: DSM-5. American Psychiatric Association's classification and diagnostic tool.

Eitle T. M., Johnson-Jennings, M., & Eitle, D. (2013). Family structure and adolescent alcohol use problems: Extending popular explanations to American Indians. C. Soc Sci Res; 42(6):146-1479.

Fernandes, J. A. (2004). Selvagens Bebedeiras: Álcool, embriaguez e contatos culturais no Brasil Colonial. (dissertation). Universidade Federal Fluminense.

Johnston, L. D.; O’malley, P.M.; Bachman, J. G.; Schulenberg, J. E. (2010). Monitoring the future national survey results on adolescent drug use: Overview of key findings. Ann Arbor: Institute for Social Research. The University of Michigan.

Johnson, R. A. (1988). Applied Multivariate Statistical Analysis, Prentice Hall Inc.

Johnson, R. & Bhattacharyya, G. (1986). Statistics Principles and Methods. John Wiley & Sons.

Martinez, M. J.; Ayres, S. L.; Kulls, S.; Brown, E. (2015). The relationship between peer, parent, and grandparent norms and intentions to use substances for urban American Indian. J Child Adolesc Subst Abuse, 24(4):220-227.

Oetting, E. R. & Donnermeyer, J. F. (1998). Primary socialization theory: the etiology of drug use and deviance. J. subst use misuse, 33(4):995-1026.

Oliveira, R. C.; Silva, R. V.; Vargas, A. M. D.; Nascimento, S. S.; Mendonça, A. V. M.; & Ferreira, E. F. (2016). Ugmu ãte kax ãmix kax muk yog hãm agtux kakxoppu puyi yumug amai kax muk xoop - Estamos escrevendo sobre o uso da cachaça para as crianças saberem que não é bom beber. Brasília: Universidade de Brasília, Núcleo de Estudos de Saúde Pública.

Oliveira, R. C. (2018). Uso de álcool e problemas relacionados no povo indígena Maxakali/MG: a visão de mundo Maxakali. (thesis). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais.

Oliveira, R. C., Nicolau, B. F., Levine, A., Mendonça, A. V. M., Videira, V., Vargas, A. M. D., & Ferreira, E. F. E. (2019). "When a Tihik drinks kaxmuk he neither has a father, nor a mother, or a brother": perceptions of Maxakali on the effects of sugarcane liquor consumption. Cien Saude Colet. 24(8):2883-2894. 10.1590/1413-81232018248.16992017.

Pena, J. L. (2005). Os índios Maxakali: a propósito do consumo de bebidas de alto teor alcoólico. Revista de Estudos e Pesquisas, FUNAI; 2(2):99-121.

Pereira A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. UFSM.

Popovich, F. B. (1980). A organização social dos Maxakali (thesis). Texas University.

Prussing, E. & Gone, J. P. (2011). Alcohol treatment in Native North America: gender in cultural context. Alcoholism Treatment Quartely; 29:379-402

Ribeiro, R. B. (2008). Guerra e paz entre os Maxakali: devir histórico e violência como substrato da pertença (dissertation). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Rubinger, M. M., Amorim, M. S., & Marcato, A. S., organizadores. (1980). Índios Maxakali: resistência ou morte. Interlivros.

Siegel, S. & Castellan, H. J. (2006). Estatística não paramétrica para ciências do comportamento. 2 ed. Porto Alegre: Artmed.

Souza, M. L. P. & Garnelo, L. (2007). Quando, como e o que se bebe: o processo de alcoolização entre populações indígenas do alto Rio Negro, Brasil. Cad Saude Publica; 23(7):1640-1648.

Souza, J. A., Oliveira, M. & Kohatsu, M. (2003). O uso de bebidas alcoólicas nas sociedades indígenas: algumas reflexões sobre os Kaingang da bacia do rio Tibagi. Paraná. In: Coimbra C, Santos R, Escobar AL, organizadores. Epidemiologia e Saúde dos Povos Indígenas do Brasil. Rio de Janeiro: Fiocruz; pp. 149-167.

Spillane, N. S. & Smith, G. T. (2007). A theory of reservation-dwelling American Indian alcohol use risk. Psychological Bulletin, 133(3):395-418.

Swain, R. C., Beauvais, F., Walker, R. D., & Silk-Walker, P. (2011). The effects of parental diagnosis and changing family norms on alcohol use and related problems among urban American Indian adolescents. Am J Addict; 20(3):212-219

Terwee, C. B. et al. (2007). Quality criteria were proposed for measurement properties of health status questionnaires. Journal of Clinical Epidemiology. New York, 60:34-42.

Whitesell, N. R., Beals, J., Crow C. B., Mitchell C. M., & Novins D. K. (2012). Epidemiology and etiology of substance use among American Indians and Alsaka Natives: Risks, protection, and implications for prevention. Am J Drug Alcohol Use; 38(5):376-382.

World Health Organization. (2014). Global status report on alcohol and health – ed. Geeneva.

Downloads

Publicado

27/12/2022

Como Citar

OLIVEIRA, R. C. de; SILVA, R. V. da; TOLENTINO JÚNIOR, D. S.; MENDONÇA, A. V. M. .; VARGAS, A. M. D. . .; FERREIRA, E. F. e . Uso de álcool e problemas relacionados à visão de mundo dos povos indígenas Maxakali: um estudo censitário transversal. Research, Society and Development, [S. l.], v. 11, n. 17, p. e259111738900, 2022. DOI: 10.33448/rsd-v11i17.38900. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/38900. Acesso em: 19 maio. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde