Análise do progresso da eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v12i1.39164

Palavras-chave:

Hanseníase; Doenças negligenciadas; Política de saúde.

Resumo

Objetivo: analisar o progresso da eliminação da hanseníase como problema de saúde pública por meio dos indicadores de monitoramento da doença. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa do tipo ecológica e transversal e de base documental a partir dos casos de hanseníase confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no período de 2001 a 2016 no Brasil. Após coleta de dados, realizou-se análise dos indicadores de monitoramento da doença com discussão baseada em literatura vigente. Resultados: Os parâmetros de endemia revelaram tendência à diminuição em todas as regiões, exceto pela proporção de grau 2 de incapacidade física entre os casos novos que vem aumentando e é maior no Sul e Sudeste; diminuição da proporção segundo gênero, revelando maior prevalência no sexo masculino; e aumento na proporção segundo classificação operacional, indicando aumento da percentagem de casos multibacilares dentre os casos novos. Além disso, nenhuma região atingiu valor hiperendêmico, no entanto, somente o Sul registrou baixa endemia por dois dos parâmetros utilizados. Observa-se, desse modo, que a redução da endemia não foi uniforme nem por indicador utilizado e nem por região, e mesmo apresentando predominantemente uma tendência à redução da endemia, não é possível prever quando esta será considerada eliminada. Conclui-se que se deve continuar os esforços no combate à doença e mais estudos devem ser incentivados para avaliação da eficácia e especificidade de cada indicador na eliminação da hanseníase.

Referências

Abeje, T., Negera, E., Kebede, E., Hailu, T., Hassen, I., Lema, T., Yamuah, L., Shiguti, B., Fenta, M., Negasa, M., Beyene, D., Bobosha, K., & Aseffa, A. (2016). Performance of general health workers in leprosy control activities at public health facilities in Amhara and Oromia States, Ethiopia. BMC Health Services Research, 16(1), 122. https://doi.org/10.1186/s12913-016-1329-2

Almeida, S. S. L. de, Savassi, L. C. M., Schall, V. T., & Modena, C. M. (2012). Maternidade e hanseníase: As vivências de separação devido ao isolamento compulsório. Estudos de Psicologia (Natal), 17(2), 275–282. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2012000200011

Aquino, D. M. C. de, Santos, J. S., & Costa, J. M. L. (2003). Avaliação do programa de controle da hanseníase em um município hiperendêmico do Estado do Maranhão, Brasil, 1991-1995. Cadernos de Saúde Pública, 19(1), 119–125. https://doi.org/10.1590/S0102-311X2003000100013

Assis, L. P. F. de, Cozer, A. M., Amâncio, V. C., Graciano, A. R., & Dias, D. C. da S. (2017). Avaliação dos indicadores epidemiológicos para a hanseníase no Brasil, 2008 a 2015. Revista Educação em Saúde, 5(1), 6. https://doi.org/10.29237/2358-9868.2017v5i1.p6-14

Azulay, R. D., & Azulay, D. R. (2008). Dermatologia (5o ed). Guanabara Koogan.

Brasil. (2001). Plano Nacional de mobilização e intensificação das ações para a eliminação da hanseníase e controle da tuberculose. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hanseniase.pdf

Brasil. (2002). Portaria no1.838, de 09 de outubro de 2002. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt1838_09_10_2002.html

Brasil. (2005). Portaria no 31, de 08 de julho de 2005. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs/2005/prt0031_08_07_2005.html

Brasil. (2006). Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase em nível municipal 2006-2010. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hanseniase_plano.pdf

Brasil. (2008a). Manual de prevenção de incapacidades. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_prevencao_incapacidades.pdf

Brasil. (2008b). Vigilância em Saúde: Situação epidemiológica da hanseníase no Brasil—2008. Ministério da Saúde. http://docplayer.com.br/12284063-%20Vigilancia-em-saude-situacao-epidemiologica-da-hanseniase-no-brasil.html

Brasil. (2013). Plano integrado de ações estratégicas de eliminação da hanseníase, filariose, esquistossomose e oncocercose como problema de saúde (1o ed). Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_integrado_acoes_estrategicas_hanseniase.pdf

Brasil. (2014). Portaria no 1.253, de 6 de junho de 2014. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2014/prt1253_06_06_2014.html

Brasil. (2015). Exercício de Monitoramento da Eliminação da hanseníase no Brasil – LEM–2012. Ministério da Saúde. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/exercicio_monitoramento_eliminacao_hanseniase_brasil.pdf

Brasil. (2016). Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: Manual técnico-operacional [recurso eletrônico]. Ministério da Saúde.

Brasil. (2017a). Indicadores epidemiológicos e operacionais de hanseníase Brasil 2001 – 2016. Ministério da Saúde. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/julho/10/Indicadores-epidemiol--gicos- e-operacionais-de-hansen--ase.%20Brasil,%202001-.pdf

Brasil. (2017b). Registro ativo: Número e percentual, casos novos de hanseníase: Número, taxa e percentual, faixa etária, classificação operacional, sexo, grau de incapacidade, contatos examinados, por estados e regiões, Brasil, 2016. Ministério da Saúde. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/julho/11/Tabela%20Geral_12016.pdf

Brasil. (2017c). Taxa de prevalência de hanseníase por 10.000 habitantes: Estados e regiões, Brasil, 1994 a 2016. Ministério da Saúde. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/julho/10/Taxa-de-preval--ncia-de- hansen--ase-1990a2016-.pdf

Brasil. (2018). Boletim epidemiológico: Hanseníase (Vol. 49). Ministério da Saúde. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/fevereiro/19/2018-004-Hanseniase- publicacao.pdf

Chacha, J. J., Sotto, M. N., Peters, L., Lourenço, S., Rivitti, E. A., & Melnikov, P. (2009). Sistema nervoso periférico e pressupostos da agressão neural na hanseníase. Anais Brasileiros de Dermatologia, 84(5), 495–500. https://doi.org/10.1590/S0365-05962009000500008

Croft, R. P., Nicholls, P. G., Steyerberg, E. W., Richardus, J. H., Withington, S. G., & Smith, W. C. S. (2003). A clinical prediction rule for nerve function impairment in leprosy patients-revisited after 5 years of follow-up. Leprosy Review, 74(1), 35–41.

Doenças negligenciadas: Estratégias do Ministério da Saúde. (2010). Revista de Saúde Pública, 44(1), 200–202. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100023

Figueiredo, I. A. (2006). O plano de eliminação da hanseníase em questão: O entrecruzamento de diferentes olhares na análise da política pública [Tese, Universidade Federal do Maranhão]. https://tedebc.ufma.br/jspui/bitstream/tede/760/1/Ivan%20Abreu%20figueiredo.pdf

Fine, P. (2007). Leprosy: What is being “eliminated”? Bulletin of the World Health Organization, 85(1), 2–2. https://doi.org/10.2471/BLT.06.039206

Gomes, C. C. D., Pontes, M. A. de A., Gonçalves, H. de S., & Penna, G. O. (2005). Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase em um centro de referência na região nordeste do Brasil. An Bras Dermatol., 80(3), 283–288. https://doi.org/10.1590/S0365-05962005001000004

Gonçalves, S. D., Sampaio, R. F., & Antunes, C. M. de F. (2009). Fatores preditivos de incapacidades em pacientes com hanseníase. Revista de Saúde Pública, 43(2), 267–274. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000200007

Guimarães, L. de S. (2013). Incapacidade física em pessoas afetadas pela hanseníase: Estudo após alta medicamentosa [Dissertação, Universidade Federal do Pará]. http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/4134

Hotez, P., Ottesen, E., Fenwick, A., & Molyneux, D. (2006). The Neglected Tropical Diseases: The Ancient Afflictions of Stigma and Poverty and the Prospects for their Control and Elimination. Em Hot Topics in Infection and Immunity in Children III. (Vol. 582). Advances in Experimental Medicine and Biology. https://doi.org/10.1007/0-387-33026-7_3

Imbiriba, E. B., Hurtado-Gerrero, J. C., Garnelo, L., Levino, A., Cunha, M. da G., & Pedrosa, V. (2008). Perfil epidemiológico da hanseníase em menores de quinze anos de idade, Manaus (AM), 1998-2005. Revista de Saúde Pública, 42, 1021–1026. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008005000056

Moschioni, C., Antunes, C. M. de F., Grossi, M. A. F., & Lambertucci, J. R. (2010). Risk factors for physical disability at diagnosis of 19,283 new cases of leprosy. Revista Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 43(1), 19–22. https://doi.org/10.1590/S0037-86822010000100005

Nery, J. S., Pereira, S. M., Rasella, D., Penna, M. L. F., Aquino, R., Rodrigues, L. C., Barreto, M. L., & Penna, G. O. (2014). Effect of the Brazilian Conditional Cash Transfer and Primary Health Care Programs on the New Case Detection Rate of Leprosy. PLoS Neglected Tropical Diseases, 8(11), e3357. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0003357

Nobre, M. L., Illarramendi, X., Dupnik, K. M., Hacker, M. de A., Nery, J. A. da C., Jerônimo, S. M. B., & Sarno, E. N. (2017). Multibacillary leprosy by population groups in Brazil: Lessons from an observational study. PLOS Neglected Tropical Diseases, 11(2), e0005364. https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0005364

Odriozola, E. P. de, Quintana, A. M., González, V., Pasetto, R. A., Utgés, M. E., Bruzzone, O. A., & Arnaiz, M. R. (2017). Towards leprosy elimination by 2020: Forecasts of epidemiological indicators of leprosy in Corrientes, a province of northeastern Argentina that is a pioneer in leprosy elimination. Memórias Do Instituto Oswaldo Cruz, 112(6), 419–427. https://doi.org/10.1590/0074-02760160490

Oliveira, M. L. W., Grossi, M. A. F., Oliveira, C. F. O., Sena, S. A., Daxbacher, E., & Penna, G. O. (2010). Commitment to reducing disability: The Brazilian experience. Leprosy Review, 81(4), 342–345.

OMS. (2000). Guia para eliminação da hanseníase como problema de saúde pública. Organização Mundial da Saúde. http://www.who.int/lep/resources/Guide_Brasil_P1.pdf

OMS. (2017). Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020. Organização Mundial da Saúde. http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/250119/13/9789290225607-Por.pdf

Penna, M. L. F. (2007). A eliminação da hanseníase no Brasil. Centro Colaborador em Vigilância Sanitária, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/FIOCRUZ. http://www6.ensp.fiocruz.br/visa/?q=node/4812

Penna, M. L. F., Grossi, M. A. D. F., & Penna, G. O. (2013). Country profile: Leprosy in Brazil. Leprosy Review, 84(4), 308–315.

Pereira, D. L., de Brito, L. M., Nascimento, A. H., Ribeiro, E. L., Lemos, K. R. M., & Alves, J. N. (2012). ESTUDO DA PREVALÊNCIA DAS FORMAS CLÍNICAS DA HANSENÍASE NA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO. 16, 13.

Preuss, L. T., & Werner, R. C. (2017). O cenário atual da hanseníase no Brasil e na Argentina. Anais do Congresso Internacional de Políticas Públicas para América Latina, 3, 294.

Ramos, J. M. H., & Souto, F. J. D. (2010). Incapacidade pós-tratamento em pacientes hansenianos em Várzea Grande, Estado de Mato Grosso. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 43(3), 293–297. https://doi.org/10.1590/S0037-86822010000300016

Raposo, M. T., & Nemes, M. I. B. (2012). Assessment of integration of the leprosy program into primary health care in Aracaju, state of Sergipe, Brazil. Revista Da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 45(2), 203–208. https://doi.org/10.1590/S0037-86822012000200013

Raposo, M. T., Raposo, A. V. C., Sanchez-González, M. A., Medeiros, L. A., & Nemes, M. I. B. (2009). Avaliação de incapacidades em pessoas vivendo com hanseníase: Análise do grau de incapacidade em Campina Grande, Paraíba. Cadernos Saúde Coletiva, 17(1), 221–233.

Rodrigues, L. C., Kerr, L. R. F. S., Frietas, M. V. C., & Barreto, M. L. (2007). Long lasting BCG protection against leprosy. 25, 6842–6844. http://dx.doi.org/10.1016/j.vaccine.2007.07.032

Rodrigues, L. C., & Lockwood, D. N. (2011). Leprosy now: Epidemiology, progress, challenges, and research gaps. The Lancet Infectious Diseases, 11(6), 464–470. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(11)70006-8

Sapkota, B. R., Macdonald, M., Berrington, W. R., Misch, E. A., Ranjit, C., Siddiqui, M. R., Kaplan, G., & Hawn, T. R. (2010). Association of TNF, MBL, and VDR polymorphisms with leprosy phenotypes. Human Immunology, 71(10), 992–998. https://doi.org/10.1016/j.humimm.2010.07.001

Sarkar, J., Dasgupta, A., & Dutt, D. (2012). Disability among new leprosy patients, an issue of concern: An institution based study in an endemic district for leprosy in the state of West Bengal, India. Indian Journal of Dermatology, Venereology and Leprology, 78(3), 328–334. https://doi.org/10.4103/0378-6323.95449

Schreuder, P. A. M., Noto, S., & Richardus, J. H. (2016). Epidemiologic trends of leprosy for the 21st century. Clinics in Dermatology, 34(1), 24–31. https://doi.org/10.1016/j.clindermatol.2015.11.001

Schuring, R. P., Richardus, J. H., Pahan, D., & Oskam, L. (2009). Protective effect of the combination BCG vaccination and rifampicin prophylaxis in leprosy prevention. Vaccine, 27(50), 7125–7128. https://doi.org/10.1016/j.vaccine.2009.09.054

Silva Sobrinho, R. A. da, Mathias, T. A. de F., Gomes, E. A., & Lincoln, P. B. (2007). Evaluation of incapacity level in leprosy: A strategy to sensitize and train the nursing team. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 15(6), 1125–1130. https://doi.org/10.1590/S0104-11692007000600011

Varkevisser, C. M., Lever, P., Alubo, O., Burathoki, K., Idawani, C., Moreira, T. M. A., Patrobas, P., & Yulizar, M. (2009). Gender and leprosy: Case studies in Indonesia, Nigeria, Nepal and Brazil. Leprosy Review, 80(1), 65–76.

White, C., & Franco-Paredes, C. (2015). Leprosy in the 21st century. Clinical Microbiology Reviews, 28(1), 80–94. https://doi.org/10.1128/CMR.00079-13

WHO. (2016). Weekly Epidemiological Record, No 35, 2 september 2016. World Health Organization. http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/249601/WER9135.pdf;jsessionid=DF79A758039D6C7196E095E956FDE231?sequence=1

Zenha, E. M. R., Wambier, C. G., Novelino, A. L., de Andrade, T. A. M., Ferreira, M. A. N., Frade, M. A. C., & Foss, N. T. (2012). Clinical and immunological evaluation after BCG-id vaccine in leprosy patients in a 5-year follow-up study. Journal of Inflammation Research, 5, 125–135. https://doi.org/10.2147/JIR.S33854

Downloads

Publicado

01/01/2023

Como Citar

MOTA, J. M. V.; SILVA, A. P. O. da; VÉRAS, G. C. B.; LEITE, C. E. A.; LIMA JÚNIOR, J. F.; QUENTAL, O. B. de. Análise do progresso da eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no Brasil. Research, Society and Development, [S. l.], v. 12, n. 1, p. e2612139164, 2023. DOI: 10.33448/rsd-v12i1.39164. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/39164. Acesso em: 18 maio. 2024.

Edição

Seção

Ciências da Saúde