Influência das disfunções tireoidianas na gravidez: uma análise sistemática das evidências
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i11.49861Palavras-chave:
Gravidez, Doenças da Glândula Tireoide, Hipotireoidismo, Complicações na Gravidez, Gravidez de Alto Risco, Cuidado Pré-Natal.Resumo
Introdução: O acompanhamento pré-natal é essencial para identificar disfunções tireoidianas, como hipotireoidismo e hipertireoidismo, que podem causar complicações gestacionais. O rastreio seletivo é recomendado, mas pode promover o subdiagnóstico de casos, enquanto o universal pode melhorar desfechos materno-fetais. Objetivo: Analisar o impacto do rastreio pré-natal de disfunções tireoidianas nos desfechos gestacionais em mulheres grávidas. Método: Revisão sistemática, realizada de março a novembro de 2024. Para seleção dos estudos, foram adotados como critérios de inclusão: estudos primários, publicados na última década, disponíveis em inglês e/ou português, nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde, PubMed/MEDLINE, SciELO e Web of Science. Após a síntese, os dados foram expostos em quadros contendo as informações necessárias ao objetivo da pesquisa. Resultados: A busca inicial identificou 676 artigos e, após seleção e triagem, 8 estudos restaram para inclusão final. O hipotireoidismo na gestação associou-se a maior risco de hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia, eclâmpsia, parto prematuro e aborto espontâneo, especialmente com TSH > 4 mU/L. O tratamento do hipotireoidismo reduziu esses riscos. O rastreamento universal detectou mais casos do que o baseado em fatores de risco, mostrando benefício em programas amplos de triagem. Conclusão: Os estudos indicam que o rastreamento universal de disfunções tireoidianas na gestação pode melhorar o manejo e reduzir complicações, especialmente em casos de hipotireoidismo clínico. No entanto, os efeitos do hipotireoidismo subclínico são menos claros, e a eficácia do tratamento de condições leves é questionada.
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