Além da contagem de pessoas: um novo modelo ponderado por risco para qualificar o trabalho na Atenção Primária à Saúde – Um estudo de simulação computacional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i10.49656

Palavras-chave:

AAtenção Primária à Saúde, Agente Comunitário de Saúde, Estratificação de Risco, Carga de Trabalho, Equidade em Saúde.

Resumo

O dimensionamento do território do Agente Comunitário de Saúde (ACS), pautado por um teto quantitativo, gera sobrecarga e iniquidades ao ignorar a complexidade das diferentes realidades sociais e de saúde. Este artigo propõe e avalia o ÍCARO (Índice de Carga de Risco Operacional), um modelo teórico inovador que visa substituir a contagem de pessoas por uma métrica de carga de trabalho real. Por meio de um ensaio teórico com simulação computacional, foram testadas duas calibrações do modelo (ÍCARO-1 e ÍCARO-2), ambas integradas à classificação de risco familiar de Coelho & Savassi e fixadas em uma meta de 750 pontos. Simularam-se 10.000 microáreas com perfis demográficos de Porto Velho-RO (IBGE), revelando que a capacidade de cobertura de um ACS pode variar drasticamente de 455 a 964 pessoas para manter uma carga de trabalho equânime. Conclui-se que o ÍCARO não é apenas uma alternativa mais justa, mas uma ferramenta de gestão estratégica que permite ao gestor tomar decisões baseadas em evidências, qualificar o trabalho na Atenção Primária e operacionalizar o princípio da equidade de forma eficaz.

Referências

Anand, S., & Bärnighausen, T. (2004). Human resources and health outcomes: cross-country econometric study. The Lancet, 364(9445), 1603–1609.

Buss, P. M., & Pellegrini Filho, A. (2007). A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 17(1), 77–93.

Coelho, F. L. G., & Savassi, L. C. M. (2004). Aplicação de escala de risco familiar como instrumento de priorização das visitas domiciliares. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 1(2), 19–25.

Conselho Nacional de Saúde (CNS). (2016). Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Diário Oficial da União.

Dyrbye, L. N., Shanafelt, T. D., Sinsky, C. A., Cipriano, P. F., Bhatt, J., Ommaya, A., West, C. P., & Meyers, D. (2017). Burnout Among Health Care Professionals: A Call to Explore and Address This Underrecognized Threat to Safe, High-Quality Care. NAM Perspectives. National Academy of Medicine.

Giugliani, C., Harzheim, E., Duncan, M. S., & Duncan, B. B. (2015). Community health workers in Brazil: strengthening primary care. The Lancet, 385(9962), 23–25.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2023). Censo Demográfico 2022: Panorama para Porto Velho (RO). IBGE.

Kruk, M. E., Gage, A. D., Arsenault, C., Jordan, K., Leslie, H. H., Roder-DeWan, S., Adeyi, O., Barker, P., Daelmans, B., Doubova, S. V., English, M., El-Jardali, F., Guanais, F., Gureje, O., Hirschhorn, L. R., Lwanga, S. K., Atun, R., & Pate, M. A. (2018). High-quality health systems in the Sustainable Development Goals era: time for a revolution. The Lancet Global Health, 6(11), e1196–e1252.

Law, A. M. (2015). Simulation modeling and analysis (5th ed.). McGraw-Hill.

Levy, F. M., Matos, P. E. S., & Tomita, N. E. (2012). O Agente Comunitário de Saúde: o ser, o saber e o fazer. Ciência & Saúde Coletiva, 17(2), 11–23.

Marmot, M. (2015). The Health Gap: The Challenge of an Unequal World. Bloomsbury.

Maslach, C., & Leiter, M. P. (2016). Understanding the burnout experience: recent research and its implications for psychiatry. World Psychiatry, 15(2), 103–111.

Ministério da Saúde (Brasil). (1990). Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial da União.

Ministério da Saúde (Brasil). (2017). Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017. Diário Oficial da União.

Pereira, A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [free book]. Santa Maria. Editora da UFSM.

Perry, H. B., & Zulliger, R. (2012). How effective are community health workers? Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health.

Rutter, C. M., Zaslavsky, A. M., & Hoch, D. B. (2009). A framework for advancing the science of simulation in health care. Medical Care, 47(3), 303–308.

Starfield, B. (2002). Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. UNESCO, Ministério da Saúde.

Tjoa, A., Kapur, A., & van Olmen, J. (2021). Needs-based health workforce planning: review of the literature and steps for implementation. Human Resources for Health, 19(1), 10.

Wadge, H., Bhatti, Y., Carter, A., Harris, M., Parston, G., & Darzi, A. (2016). Brazil’s Family Health Strategy: a model of universal primary care. The BMJ, 355, i5727.

World Health Organization (WHO). (2018). Declaration of Astana. Global Conference on Primary Health Care. WHO.

Downloads

Publicado

2025-10-09

Edição

Seção

Ciências da Saúde

Como Citar

Além da contagem de pessoas: um novo modelo ponderado por risco para qualificar o trabalho na Atenção Primária à Saúde – Um estudo de simulação computacional. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 10, p. e39141049656, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i10.49656. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/view/49656. Acesso em: 11 dez. 2025.