“Não vai no de serviço, se o social tem dono”: a construção das transmasculinidades negras e experiências de vida e saúde a partir de relatos situados

Autores

DOI:

https://doi.org/10.33448/rsd-v14i10.49867

Palavras-chave:

Homens Negros Trans, Transmasculinidade, Racismo Estrutural, Saúde Coletiva, Decolonialidade, Escrevivências.

Resumo

Este estudo objetiva analisar experiências de saúde de homens negros transexuais a partir de uma perspectiva decolonial e antirracista. Inserido em um contexto de escassez de pesquisas sobre relações étnico-raciais em programas de pós-graduação em Enfermagem, o trabalho utilizou entrevistas semiestruturadas, observações de campo e diário reflexivo para compreender trajetórias de masculinidades trans negras e estratégias de cuidado. As narrativas evidenciam que a experiência trans masculina negra é atravessada por racismo, transfobia e normatividade cisgênera, impactando o acesso, a qualidade do atendimento e a percepção de segurança nos serviços de saúde. Estratégias de afirmação corporal e de gênero são respostas situadas a pressões sociais, articuladas a desejos, receios e normas culturais, enquanto redes comunitárias atuam como espaços de apoio e resistência. Os achados reforçam que políticas e práticas de saúde devem incorporar interseccionalidade, historicidade e saberes situados, valorizando experiências marginalizadas e promovendo atenção integral, sensível e crítica.

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Publicado

2025-10-31

Edição

Seção

Ciências da Saúde

Como Citar

“Não vai no de serviço, se o social tem dono”: a construção das transmasculinidades negras e experiências de vida e saúde a partir de relatos situados. Research, Society and Development, [S. l.], v. 14, n. 10, p. e179141049867, 2025. DOI: 10.33448/rsd-v14i10.49867. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/view/49867. Acesso em: 11 dez. 2025.