Revisão sistemática sobre os impactos neurológicos da infecção congênita pelo Vírus Zika: Mecanismos fisiopatológicos e implicações clínicas
DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v14i10.49687Palavras-chave:
Vírus Zika, Neurologia, Recém-nascidos, Infecção congênita, Sistema Nervoso Central.Resumo
A infecção congênita pelo vírus Zika (ZIKV) está intrinsecamente ligada a graves comprometimentos neurológicos em recém-nascidos, com repercussões significativas no desenvolvimento infantil. Esta revisão sistemática, baseada em estudos observacionais e experimentais (2015-2024), investigou os mecanismos patofisiológicos e implicações clínicas dessa condição. Os resultados demonstram que o ZIKV infecta preferencialmente células progenitoras neurais (NPCs) por interação com receptores (AXL, TAM, DC-SIGN), desencadeando apoptose, inflamação mediada por TLR3 e disrupção da neurogênese. Esses processos resultam em malformações como microcefalia (presente em 96% dos casos), calcificações intracranianas (93%), ventriculomegalia (78%) e disgenesia do corpo caloso, identificáveis por técnicas de imagem (TC/RM). A análise longitudinal revelou sequelas a longo prazo: 31,5% das crianças expostas apresentaram atrasos neuropsicomotores aos 18 meses, com déficits motores, cognitivos e sensoriais (perda auditiva/visual em 30%), além de epilepsia refratária e artrogripose. Estratégias promissoras incluem controle vetorial com Wolbachia, vacinas (ZPIV, mRNA) em desenvolvimento e antivirais como sofosbuvir, que reduziram a replicação viral em modelos experimentais. Conclui-se que a integração de diagnóstico precoce por imagem, terapias neuroprotetoras e abordagens multidisciplinares é crucial para mitigar os danos neurológicos, reforçando a necessidade de políticas públicas direcionadas à vigilância epidemiológica e reabilitação precoce.
Referências
Araujo, L. M. et al. (2018). Association Between Infants Exposed to ZIKV and Abnormal Neurodevelopmental Outcomes. JAMA Pediatrics. 172(10), 982-7. https://doi.org/10.1001/jamapediatrics.2018.2022.
Brasil, P. et al. (2016). Zika Virus Infection in Pregnant Women in Rio de Janeiro. The New England Journal of Medicine. 375(24), 2321–34. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1602412.
Christian, K. M., Song, H. & Ming, G. (2019). Pathophysiology and Mechanisms of Zika Virus Infection in the Nervous System. Annual Review of Neuroscience. 42(1), 249–69. https://doi.org/10.1146/annurev-neuro-080317-062231.
Cugola, F. R. et al. (2016). The Brazilian Zika virus strain causes birth defects in experimental models. Nature. 534(7606), 267–71. https://doi.org/10.1038/nature18296.
Eickmann, S. H. et al. (2016). Síndrome da infecção congênita pelo vírus Zika. Cadernos de Saúde Pública. 32(7), 1-3. https://doi.org/10.1590/0102-311X00047716.
Ferraris, P., Yssel, H. & Missé, D. (2019). Zika virus infection: an update. Microbes and Infection. 21(8-9), 353–60. https://doi.org/10.1016/j.micinf.2019.04.005.
Garcez, P. P. et al. (2016). Zika virus impairs growth in human neurospheres and brain organoids. Science. 352(6287), 816-8. https://doi.org/10.1126/science.aaf6116.
Hazin, A. N. et al. (2016). Computed Tomographic Findings in Microcephaly Associated with Zika Virus. The New England Journal of Medicine. 374(22), 2193-5. https://doi.org/10.1056/NEJMc1603617.
Miranda-Filho, D. B. et al. (2016). Initial Description of the Presumed Congenital Zika Syndrome. American Journal of Public Health. 106(4), 598-600. https://doi.org/10.2105/AJPH.2016.303115.
MLAkar, J. et al. (2016). Zika Virus Associated with Microcephaly. The New England Journal of Medicine. 374(10), 951-8. https://doi.org/10.1056/NEJMoa1600651.
Page, M. J. et al. (2021). The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 372(71), 1-9. https://doi.org/10.1136/bmj.n71.
Pereira, A. S. et al. (2018). Metodologia da pesquisa científica. [e-book]. Ed. UAB/NTE/UFSM.
Pielnaa, P. et al. (2020). Zika virus-spread, epidemiology, genome, transmission cycle, clinical manifestation, associated challenges, vaccine and antiviral drug development. Virology. 543, 34–42. https://doi.org/10.1016/j.virol.2020.01.015.
Van der Linden, V. et al. (2018). Association Between Microcephaly, Zika Virus Infection, and Other Risk Factors in Brazil: Final Report of a Case-Control Study. The Lancet Infectious Diseases. 18(3), 328-36. https://doi.org/10.1016/S1473-3099(17)30727-2.
Wang, J.-N. & Ling, F. (2016). Zika Virus Infection and Microcephaly: Evidence for a Causal Link. International Journal of Environmental Research and Public Health. 13(10), 1-11. https://doi.org/10.3390/ijerph13101031.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ronaldo Ribeiro Soares, Dirce Maria Ignácio dos Santos Gonzaga, Luan Souza do Nascimento, Wagner Rafael da Silva

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
